domingo, abril 15, 2007

Os últimos tempos têm sido muito difíceis. Para mim e, principalmente, para ti.
É nestes dias que sinto o quanto é realmente fundamental que sintas, a cada momento, que te amo mais do que a qualquer outra coisa na minha vida. Que o teu sorriso é a matéria do sol que brilha no meu coração. Que és a miha essência. Por sermos da mesma essência. E, fundamentalmente, por tudo o que construímso, juntos, nestes seis anos. Por todos os dias de luz que me deste. Por todos os momentos em que me fizeste sentir o vento da vida soprar dento de mim.

Quando ris, filho, tudo se torna perfeito. E é nestes momentos, mais do que em quaisquer outros, que é preciso que tudo seja perfeito. Que todas as coisas sejam perfeitas. Ainda que ninguém seja perfeito. O nosso amor é. E é tudo para mim.

Tu és tudo para mim.

E será sempre assim.

Sempre.

sexta-feira, janeiro 13, 2006

Ontem passaram exactamente 2000 dias desde o dia em que nasceste. Talvez por isso, sabes, apetece-me contar-te um pouco desse dia, desse Sábado, 22 de Julho do ano 2000...
Sabes, vamos ver se o teu pai tem jeito para contar histórias. Conto tantas coisas, escrevo mil e uma coisas, coisas que aconteceram, coisas que imagino, mas falar sobre ti, e falar sobre o dia em que nasceste, é falar sobre coisas que aconteceram misturadas com coisas que imagino, porque tudo nesse dia é de uma força e de uma uma multiplicidade de cores que não é fácil explicar, nem creio que seja fácil entender. Talvez quando tu próprio fores pai o consigas perceber.
Sabes que enquanto não somos pais, achamos sempre que a paternidade é uma coisa imperiosa, de raíz quase metafísica. Isto acontece porque pressentimos o amor imenso que vai nascer dentro de nós, mas a verdade é que, até ao momento em que somos de facto pais, não conhecemos nada da natureza desse amor.
Uma das primeiras coisas que me fulminou o peito ao ver-te (e eu vi o momento em que nasceste) foi o facto de existires mesmo, de seres uma entidade concreta, uma pessoa, de não seres um ser mágico indutor de amor, etéreo, de uma outra dimensão. Eras mágico e indutor de amor, mas eras real, da minha dimensão, e isso só te tornava mais poderoso, mais mágico.
Lembro-me filho, que nasceste precisamente às 14:37 de um Sábado. Chovia, se bem que para o final da tarde o sol tenha aparecido no céu para te cumprimentar. Nasceste de mau-humor, sabes? Nasceste, e ainda que não visses nada, a verdade é que o teu olhar fulminava. Estavas chateado, claramente, porque estavas tão bem no quentinho da barriga da tua mãe, e de repente, no meio de uma algazarra e de uma gritaria, tinham-te trazido para um local mais frio, menos acolhedor. É claro que te puseram naquelas camas aquecidas, mas tu já nasceste esperto, e o teu olhar denuinciava bem o quanto tu desconfiavas de que se tratava de um engodo. É claro que ouvias a voz da mãe e do pai, e claro que as reconhecias depois de as teres ouvido durante tantos meses, mas seguramente pareciam-te mais próximas, sem uma qualquer barreira protectora que conheceras desde sempre.
Lembro-m de me aproximar de ti com respeito... Porque o teu olhar, realmente, fulminava. A tua mãe dizia que era o feitio dela. E ria. E eu, sinceramente, ainda que risse também, já só te via a ti à minha frente, ao meu lado, atrás de mim, em toda a parte, no futuro, no presente, no passado, dentro do tempo e fora do tempo, sempre nascido, como se sempre tivesses estado comigo. Reconhecia-te, era isso. Não te conhecia, reconhecia-te. Deixei que me segurasses o dedo. A tua mão apertou-me tanto, nesse reflexo. E eu olhei e vi a minha pele colada à tua. E todo eu por dentro sufocava. Olhei para ti. Ainda que não me visses, era para mim que olhavas, talvez na direcção da minha voz, ou talvez na direcção dos meus olhos, porque não tenho dúvidas de que os meus olhos falavam mais alto do que todas as vozes que existiam, naquele momento, na cidade, no país, no mundo, no universo, em toda parte, em todos os locais. E lembro-me do meu olhar cair em ti. No preto dos teus olhos. De pensar que eras tu. De pensar que um dia ias perceber que era eu. De pensar que nada nunca nos iria separar. Coisa alguma.
Eu queria que dormisses, porque achava que os bebés dormiam, passavam a vida a dormir, e tu já tinhas nascido há mais de uma hora e não dormias. Era chato eu, não era? Mas tu só querias ver, ainda que não visses. Só querias ouvir, sentir, e até certo ponto, manifestar-te, talvez até exigir que te voltassem a pôr dentro da barriga da mãe. Talvez isso. Mas sabes, seguravas o meu dedo com tanta força. Com tanta força que, mesmo que me digam que é um reflexo normal e tal e tal, o meu coração tem a certeza que não era nada disso. Era o meu dedo. Era eu. E a tua mão. O nosso amor. E como criança que eras, tenho a certeza que se pudesses exigir que te voltassem a pôr dentro da barriga da mãe, ias exigir também que me pusessem a mim. Porque já me amavas. Tanto como eu te amava a ti. Como me amas hoje. Como eu te amo a ti. Tantas, tantas coisas , Duarte. Tantos, tantos momentos. Palavras, risos, choros, silêncios, abraços, beijos, risos, corridas, ar, vento, chuva, sol, lua, estrelas e astros, e cascatas de palavras e de momentos, e cascatas de dias e de infinito .. Tanta tanta coisa... Dois mil dias de felicidade pura, meu filho.

Amo-te. De Sempre. Sempre. E para Sempre.

terça-feira, dezembro 20, 2005

Quem é o teu pai? O teu pai é um homem de 30 anos que te amam profundamente. Esta é a maior de todas as respostas. A que conta mais. A que será sempre verdade, mudando apenas os anos que o teu pai tiver. O Amor será sempre profundo, imenso, Todo.

Mas existem mais respostas, e há já uns meses, foi a conversar contigo (conversar aqui) que aclarei muitas coisas na minha vida. Faz-me bem falar contigo. Não há no mundo ninguém que me compreenda da forma como tu compreendes. É claro que não és adulto e, portanto, as minhas complicações de adulto, ainda que não te passem ao lado, não são por ti completamente compreendidas. Mas, repito, não há ninguém no mundo que me compreenda como tu.

O teu pai é um homem de 30 anos que tem uma forma peculiar de ver as coisas, de ver a vida. Boa ou má, madura ou imatura, estável ou instável, a realidade é que o teu pai não é uma pessoa comum, é uma pessoa que vê as coisas de uma forma diferente, que as interpreta de uma forma diferente, e que num certo sentido se sente perdido no mundo que o rodeia, precisamente porque aquilo que o mundo tem para lhe oferecer ele não quer, e aquilo que ele quer, o mundo não tem para lhe oferecer.

Não é fácil ser concreto em relação a isto, mas o que te posso dizer, é que existe entre o teu pai e o mundo um desfasamento que, com a idade, se vai tornando mais e mais acentuado. É claro que, da mesma forma que as focas aprendem a segurar bolas na ponta do nariz, o teu pai também deve ser capaz de cumprir os mínimos para poder ser visto como um membro válido desta imensa sociedade em que vivemos. Trabalho, essas coisas. Mas isso, Duarte, é a foca a segurar a bola. Porque se a foca não segurar a bola, não tem utilidade no grande circo do mundo. O teu pai, a mesma coisa. Por isso, seguro a bola, como uma foca, como um macaco amestrado. E faço-o enquanto sei que a vida é muito mais, infinitamente mais, e tudo o que fazemos de uma forma amestrada, apenas nos leva a perder tempo em relação ao que é verdadeiramente essencial.

Na vida, para o teu pai, só existe uma coisa verdadeiramente essencial: viver. Viver implica amar, estar apaixonado por mulheres e pela vida, implica ser ousado, corajoso, criativo, não acreditar nas fronteiras que toda a vida nos põem à frente, viver implica, como dizia hoje a uma amiga, fazer o que não se está preparado para fazer, errar, aprender, incorporar tudo no teu ser, porque o teu ser é IMENSO, e toda a tua vida tentam reduzir o teu ser a biologia e a uma alma, e reduzem essa alma a uma religião. O teu ser é total. A luz não vem de uma religião. Vem do Sol e da Lua e das Estrelas, e do Amor, e da Paixão, e dos Sorrisos, e dos Afectos. Esse é o campo do Ser. O campo por explorar é o do ser. Não é o que nos mostram. Não é que nos dizem “é assim”, e depois colocam pipocas e tv’s enormes à frente para que acredites que realmente deve ser, porque já é bom não se sentir mal.
Erro. Não é bom sentir-se mal. Mas o objectivo é sentir-se vivo. Infinitamente vivo. E isso implica milagres, momentos inesquecíveis, amanheceres mágicos, e implica momentos muito difíceis, de uma grande solidão.

O teu pai, é um homem de 30 anos que acredita nisto. E no meio de tudo, de todas as coisas, aquilo que te vou ensinar sempre, é a seres tu próprio. Seja qual for o preço. É a única forma de viver. É a única forma de compreender a morte. É a única forma de ser digno do milagre de existir. Não existe outra, meu anjo.

Amo-te profundamente.

quinta-feira, dezembro 15, 2005

O que escrevo? Ficções. Trânsitos de fadas e de magos no meu pensamento. Súbitas explosões de criatividade.
O que escrevo? Sonhos. Coisas. Momentos. Ilusões.
O que escrevo? A verdade.

Não posso esquecer que passei quase 30 anos a estudar o mundo. Compreendi o seu funcionamento, o que é fácil dado o mesmo ser baseado em lógicas rudimentares. A minha forma de viver quase me levou à morte e, num certo sentido, creio que houve alturas da minha vida em que estive morto. Se sobrevivi e renasci, devo-o exclusivamente à fé de que tudo iria mudar e, também, ao Amor.

Hoje o meu olhar é límpido. Hoje o meu olhar é claro e cortante.
Por isso, o que escrevo é a verdade. O que pressinto. Há uma grande visão da qual ainda só me apercebo de fragmentos. Mas pressinto essa Unidade. Pressinto esse paraíso. E o que escrevo são pistas que lanço a mim próprio nessa direcção.
Um dia, vou deixar de escrever sobre o mundo. E será em breve.
No princípio da idade adulta, escrevia muito sobre a falsidade das religiões instituídas. Depois, deixei de o fazer porque ascendi a um outro patamar.
E sinto que, a passos largos, o mesmo sucederá com o mundo.
E para o patamar que vislumbro levarei o que no mundo é Pureza, Beleza, Cor, Desígnio. Não enlouquecerei. A cada dia estou mais lúcido. Mais solar. Mais luminoso. Mais perto da Beleza e da Pureza.

E, na génese, é sempre assim que a vida começa, e é por isso que tudo o que nos ensinam é mentira, e é por isso que o verdadeiro renascimento do espírito é o retorno às luzes primordiais dos dias da infância.



Para ti, meu anjo. Amo-te.

sábado, dezembro 10, 2005

"A hora (da brincadeira esperta)..."

Estava eu na cozinha a lavar louça do almoço e tu na sala a mexeres no meu telemóvel...

“Pai, sabes que horas são? 14:37.”
“14:37? Que giro, filho. Sabes que quando tu nasceste eram 14:37?”
“Sim?”
“Sim.”
“Hmm... E quando eu cresci, que horas eram?”
“Oh filho, as pessoas vão crescendo com o tempo, não têm uma hora certa, são as horas todas”
“Pois, mas quando cresci e fiquei com 5 anos?”
“Bem, foi às 14:37 também. Faz-se anos à hora a que se nasceu.”
“Ah...”
“O pai, por exemplo, nasceu às 16h30”
“Ah... Está bem....”

Passam três ou quatro minutos...

“Pai, sabes que horas são?”
“Que horas?”
“14:19”
“14:19?”
“Sim, eu estava a gozar contigo”

E explodimos os dois numa gargalhada!

Amo-te, meu anjo.

sexta-feira, dezembro 09, 2005

Eu sou o teu pai, meu amor. Proteger-te-ei SEMPRE. SEMPRE.
Ontem não foi um dia bom. E, mais tarde, estou certo, vais te lembrar de hoje.
E é hoje que eu te quero escrever isto: protegi-te e fá-lo-ei sempre. E também a tua mãe te protegeu. Numa situação complicada para ela. Mas não hesitou um segundo que fosse. Deves ter orgulho na mãe que tens. E tens. E continuarás a ter com o tempo.
E espero que de mim possas dizer sempre exactamente o mesmo.

Amo-te, meu anjo lindo.

quinta-feira, dezembro 01, 2005

Hoje, uma vez mais, surpreendeste-me como só tu consegues fazer, anjo.
Acordaste bem disposto e, uma vez mais,
Depois de me falares de resultados de jogos de futebol que te lembras (que são imensos...),
Dissestes-me isto: “Eu tenho um computador dentro da cabeça. Sei estas coisas todas!”
És lindo, anjo. E tão inteligente...

Depois, enquanto eu te levava à escola, no carro,
Disseste-me isto:
“Sabes pai, 3 mais 5 são 8”
Eu fiquei a pensar que era algo que tinhas decorado...
Então perguntei-te, “E 4 mais 3?”
E tu: “Sete”.
“12 mais 4?”
“Dezasseis”...
“Como é que aprendeste isso, filho?”
“A ver a mana a fazer coisas. Sabes pai, sou pequenino mas sei muitas coisas”...

“Pai, duzentos mais cem é cem?”
“Não filho, é trezentos.”
“Ah...”
“Du, e trezentos mais cem, sabes?”
“É quatrocentos”
“Lindo... E 400 mais 200?”
“Seiscentos”...
“Que lindo, filho”...
“Olha, e 800 mais 200?”
Puseste o maior ar de gozo do mundo e disseste
“Pai, até parece que não sei que é mil”...

E riste...


Amo-te, anjo. Cada dia mais...