quinta-feira, fevereiro 10, 2005

Enquanto te conseguir fazer rir. Enquanto te conseguir fazer rir. Enquanto te conseguir fazer rir. É isso o mais difícil, sempre: fazer rir. Eu sei fazer-te rir. Tu sabes fazer-me rir. Amor é isto, filho. Amor é tão simples como isto. E tão complicadamente simples. Complicadamente, quando chegamos a uma idade como a minha, e descobrimos que fazer explodir uma gargalhada é insuportavelmente difícil. Porque é simples, e a idade dá-nos treino para as coisas complicadas. A idade ensina-nos a complicar, e ensina-nos a fazer coisas que para ti são complicadas. Ler, escrever, contar, falar inglês ou espanhol, conduzir, tudo coisas que são impossíveis para ti, e que eu aprendi a fazer, que eu hoje faço com facilidade. Admiras-me por isso. Mas o complicado, de facto, não é acumular conhecimentos. Isso é simples. É memória e mecanismos de raciocínio. Difícil são as coisas simples. As coisas que sabemos desde sempre. As coisas que tu sabes. Rir, chorar, fazer rir, fazer chorar. Isso, com o tempo e com os dias, torna-se algo que parece tão evidente que esquecemos. E um dia percebemos que não é assim tão simples rir e chorar, fazer rir e fazer chorar. E nesse dia valorizamos isso mais do que qualquer outra coisa. Faço-te rir. Fazes-me rir. Amamo-nos e sabemos como nos amar.