domingo, junho 27, 2004

São sempre as pequenas coisas...
Hoje perguntei-te se querias que eu te contasse uma história antes de dormires... Claro que disseste que sim, mas esperavas, seguramente, que eu pegasse num daqueles livros com animaizinhos, aqueles livros que explicam como é bom ser golfinho, ou os outros que te mostram como é bonita a vida na Savana... Mas hoje eu queria contar-te a história da cinderella... E tu quiseste ouvir... Mas querias, também, saber "como faz a cinderella?"... E eu tentei explicar-te que a Cinderella é uma menina... E tu respondeste "Sim, mas é um cão, ou um animal, ou um bicho?... Que coisa é a menina?".... Deixas-me sem palavras, filho...
Mas, sabes, o momento em que, realmente, me tiras todas as palavras é quando eu digo "Era uma vez..." e o teu sorriso explode, os teus olhos brilham, todo o teu ser revela, nesses gestos simples, como é forte o amor que existe entre nós os dois...
Dorme bem, Duarte...

terça-feira, junho 08, 2004

No Domingo, resolveu vestir a sua t-shirt de Portugal. Estávamos a sair do Multibanco e, atrás de nós, vinha um senhor, já de idade, que se começou a meter com ele "Viva Portugal!"... Ele começou a olhar para trás, para esse senhor, e começou a rir e a dizer adeus com a mão. Eu, então, disse-lhe: "Vês? O sr. também é do Portugal". Ele volta imediatamente a cabeça para trás: "És do Portugal?"... O senhor, que vinha um pouco atrás de nós, não percebeu o que ele disse. Sorria, mas, claramente, não estava a entender o que ele dizia. Então, ele insistia: "És do Portugal?", até que o senhor, já à nossa beira, compreendeu e respondeu: "Sim, viva Portugal!". Ele ficou todo contente " Viva Portugal". Depois, ficou um pouco a olhar para o senhor, com aquele ar curioso que ele tem, e cá vai disto: "Vou para casa da minha mãe, sabias?"... "Fazes muito bem, fazes muito bem"... "Pois faço", respondeu ele... Então o sr. disse-lhe, "Tu és um ponto. És muito comunicativo! Quantos anos tens?"... "Três". "Três? Nem parece, falas tanto. Olha, sê sempre assim pela tua vida fora, fala sempre muito, diz sempre o que te apetecer, nunca te cales" (como se ele não fosse precisamente assim...) e ele ria-se... Depois disse-lhe "Tenho tshirt do Deco, sabias?"... "És do Porto?" rispostou o sr. "Sou do Porto e do Portugal!" e o sr. "Eu também! O Porto é Campeão..." e ele conclui "da Europa!" e ri... Depois o sr. diz-lhe "Como te chamas? Eu ainda não sei o teu nome.". E ele responde "Duarte". "Duarte? É um nome muito bonito. Eu sou o António" e deram um aperto de mão. "Adeus Duarte, és muito simpático"... O Duarte ri "Adeus António".
Ficamos só os dois e ele diz-me: "Vês? o António é do Porto e do Portugal" e ri-se, ri-se, ri-se... E eu não consigo deixar de pensar que és a criança mais maravilhosa, mais meiga, mais comuincativa, mais inteligente na forma como interages com o que te rodeia... Eu sei que sou suspeito porque sou o teu pai... Mas, acredita, é mesmo isso que eu penso e sinto.

sexta-feira, junho 04, 2004

Noutro dia ficou muito preocupado. Eu disse-lhe que ele estava doentinho, e que tinha que descansar porque senão continuava doente e eu não gostava que ele estivesse doente. Ele perguntou-me :"Não gostas de mim? Se eu tou doente não gostas de mim?". É claro que lhe expliquei exactamente o que queria dizer. No entanto, não pude deixar de pensar como, às vezes, as crianças podem, das nossas palavras, retirar um sentido completamente diferente daquele que quisemos dar... Por isso mesmo, há que estar sempre atento... Ter semore toda a atenção...
Tem andado doentinho... Por isso mesmo, tem passado os dias comigo, uma vez que eu, como trabalho em casa (tirando um pequeno part-time), tenho maior disponibilidade do que a mãe dele.
Agora está com a mãe, suponho que a dormir. E é o que eu vou fazer também. Daqui a 5h30 ele entra-me pela casa dentro e todo o descanso se esvai por entre a torrente de energia que ele sempre traz consigo.