terça-feira, dezembro 20, 2005

Quem é o teu pai? O teu pai é um homem de 30 anos que te amam profundamente. Esta é a maior de todas as respostas. A que conta mais. A que será sempre verdade, mudando apenas os anos que o teu pai tiver. O Amor será sempre profundo, imenso, Todo.

Mas existem mais respostas, e há já uns meses, foi a conversar contigo (conversar aqui) que aclarei muitas coisas na minha vida. Faz-me bem falar contigo. Não há no mundo ninguém que me compreenda da forma como tu compreendes. É claro que não és adulto e, portanto, as minhas complicações de adulto, ainda que não te passem ao lado, não são por ti completamente compreendidas. Mas, repito, não há ninguém no mundo que me compreenda como tu.

O teu pai é um homem de 30 anos que tem uma forma peculiar de ver as coisas, de ver a vida. Boa ou má, madura ou imatura, estável ou instável, a realidade é que o teu pai não é uma pessoa comum, é uma pessoa que vê as coisas de uma forma diferente, que as interpreta de uma forma diferente, e que num certo sentido se sente perdido no mundo que o rodeia, precisamente porque aquilo que o mundo tem para lhe oferecer ele não quer, e aquilo que ele quer, o mundo não tem para lhe oferecer.

Não é fácil ser concreto em relação a isto, mas o que te posso dizer, é que existe entre o teu pai e o mundo um desfasamento que, com a idade, se vai tornando mais e mais acentuado. É claro que, da mesma forma que as focas aprendem a segurar bolas na ponta do nariz, o teu pai também deve ser capaz de cumprir os mínimos para poder ser visto como um membro válido desta imensa sociedade em que vivemos. Trabalho, essas coisas. Mas isso, Duarte, é a foca a segurar a bola. Porque se a foca não segurar a bola, não tem utilidade no grande circo do mundo. O teu pai, a mesma coisa. Por isso, seguro a bola, como uma foca, como um macaco amestrado. E faço-o enquanto sei que a vida é muito mais, infinitamente mais, e tudo o que fazemos de uma forma amestrada, apenas nos leva a perder tempo em relação ao que é verdadeiramente essencial.

Na vida, para o teu pai, só existe uma coisa verdadeiramente essencial: viver. Viver implica amar, estar apaixonado por mulheres e pela vida, implica ser ousado, corajoso, criativo, não acreditar nas fronteiras que toda a vida nos põem à frente, viver implica, como dizia hoje a uma amiga, fazer o que não se está preparado para fazer, errar, aprender, incorporar tudo no teu ser, porque o teu ser é IMENSO, e toda a tua vida tentam reduzir o teu ser a biologia e a uma alma, e reduzem essa alma a uma religião. O teu ser é total. A luz não vem de uma religião. Vem do Sol e da Lua e das Estrelas, e do Amor, e da Paixão, e dos Sorrisos, e dos Afectos. Esse é o campo do Ser. O campo por explorar é o do ser. Não é o que nos mostram. Não é que nos dizem “é assim”, e depois colocam pipocas e tv’s enormes à frente para que acredites que realmente deve ser, porque já é bom não se sentir mal.
Erro. Não é bom sentir-se mal. Mas o objectivo é sentir-se vivo. Infinitamente vivo. E isso implica milagres, momentos inesquecíveis, amanheceres mágicos, e implica momentos muito difíceis, de uma grande solidão.

O teu pai, é um homem de 30 anos que acredita nisto. E no meio de tudo, de todas as coisas, aquilo que te vou ensinar sempre, é a seres tu próprio. Seja qual for o preço. É a única forma de viver. É a única forma de compreender a morte. É a única forma de ser digno do milagre de existir. Não existe outra, meu anjo.

Amo-te profundamente.

quinta-feira, dezembro 15, 2005

O que escrevo? Ficções. Trânsitos de fadas e de magos no meu pensamento. Súbitas explosões de criatividade.
O que escrevo? Sonhos. Coisas. Momentos. Ilusões.
O que escrevo? A verdade.

Não posso esquecer que passei quase 30 anos a estudar o mundo. Compreendi o seu funcionamento, o que é fácil dado o mesmo ser baseado em lógicas rudimentares. A minha forma de viver quase me levou à morte e, num certo sentido, creio que houve alturas da minha vida em que estive morto. Se sobrevivi e renasci, devo-o exclusivamente à fé de que tudo iria mudar e, também, ao Amor.

Hoje o meu olhar é límpido. Hoje o meu olhar é claro e cortante.
Por isso, o que escrevo é a verdade. O que pressinto. Há uma grande visão da qual ainda só me apercebo de fragmentos. Mas pressinto essa Unidade. Pressinto esse paraíso. E o que escrevo são pistas que lanço a mim próprio nessa direcção.
Um dia, vou deixar de escrever sobre o mundo. E será em breve.
No princípio da idade adulta, escrevia muito sobre a falsidade das religiões instituídas. Depois, deixei de o fazer porque ascendi a um outro patamar.
E sinto que, a passos largos, o mesmo sucederá com o mundo.
E para o patamar que vislumbro levarei o que no mundo é Pureza, Beleza, Cor, Desígnio. Não enlouquecerei. A cada dia estou mais lúcido. Mais solar. Mais luminoso. Mais perto da Beleza e da Pureza.

E, na génese, é sempre assim que a vida começa, e é por isso que tudo o que nos ensinam é mentira, e é por isso que o verdadeiro renascimento do espírito é o retorno às luzes primordiais dos dias da infância.



Para ti, meu anjo. Amo-te.

sábado, dezembro 10, 2005

"A hora (da brincadeira esperta)..."

Estava eu na cozinha a lavar louça do almoço e tu na sala a mexeres no meu telemóvel...

“Pai, sabes que horas são? 14:37.”
“14:37? Que giro, filho. Sabes que quando tu nasceste eram 14:37?”
“Sim?”
“Sim.”
“Hmm... E quando eu cresci, que horas eram?”
“Oh filho, as pessoas vão crescendo com o tempo, não têm uma hora certa, são as horas todas”
“Pois, mas quando cresci e fiquei com 5 anos?”
“Bem, foi às 14:37 também. Faz-se anos à hora a que se nasceu.”
“Ah...”
“O pai, por exemplo, nasceu às 16h30”
“Ah... Está bem....”

Passam três ou quatro minutos...

“Pai, sabes que horas são?”
“Que horas?”
“14:19”
“14:19?”
“Sim, eu estava a gozar contigo”

E explodimos os dois numa gargalhada!

Amo-te, meu anjo.

sexta-feira, dezembro 09, 2005

Eu sou o teu pai, meu amor. Proteger-te-ei SEMPRE. SEMPRE.
Ontem não foi um dia bom. E, mais tarde, estou certo, vais te lembrar de hoje.
E é hoje que eu te quero escrever isto: protegi-te e fá-lo-ei sempre. E também a tua mãe te protegeu. Numa situação complicada para ela. Mas não hesitou um segundo que fosse. Deves ter orgulho na mãe que tens. E tens. E continuarás a ter com o tempo.
E espero que de mim possas dizer sempre exactamente o mesmo.

Amo-te, meu anjo lindo.

quinta-feira, dezembro 01, 2005

Hoje, uma vez mais, surpreendeste-me como só tu consegues fazer, anjo.
Acordaste bem disposto e, uma vez mais,
Depois de me falares de resultados de jogos de futebol que te lembras (que são imensos...),
Dissestes-me isto: “Eu tenho um computador dentro da cabeça. Sei estas coisas todas!”
És lindo, anjo. E tão inteligente...

Depois, enquanto eu te levava à escola, no carro,
Disseste-me isto:
“Sabes pai, 3 mais 5 são 8”
Eu fiquei a pensar que era algo que tinhas decorado...
Então perguntei-te, “E 4 mais 3?”
E tu: “Sete”.
“12 mais 4?”
“Dezasseis”...
“Como é que aprendeste isso, filho?”
“A ver a mana a fazer coisas. Sabes pai, sou pequenino mas sei muitas coisas”...

“Pai, duzentos mais cem é cem?”
“Não filho, é trezentos.”
“Ah...”
“Du, e trezentos mais cem, sabes?”
“É quatrocentos”
“Lindo... E 400 mais 200?”
“Seiscentos”...
“Que lindo, filho”...
“Olha, e 800 mais 200?”
Puseste o maior ar de gozo do mundo e disseste
“Pai, até parece que não sei que é mil”...

E riste...


Amo-te, anjo. Cada dia mais...